ISSN: 1983-5124
Enquanto a violência dos opressores faz dos oprimidos homens proibidos de ser, a resposta destes à violência daqueles se encontra infundida do anseio de busca do direito de ser. Os opressores, violentando e proibindo que os outros sejam, não podem igualmente ser; os oprimidos, lutando por ser, ao retirar-lhes o poder de oprimir e de esmagar, lhes restauram a humanidade que haviam perdido no uso da opressão. Por isto é que, somente os oprimidos, libertando-se, podem libertar os opressores. (FREIRE, 1987, p. 28).
No ano de 2008, a Universidade Federal de Rondônia, por meio do Campus de Vilhena e Departamento de Pedagogia, com o apoio dos Campi de Rolim de Moura e Ji-Paraná, representada por meio de um coletivo docente, materializou um sonho, o Seminário de Educação (SED), como um espaço dialógico e educativo de proposição e disseminação do conhecimento sobre as diferenças no interior do estado de Rondônia.
Protagonizado inicialmente por um pequeno grupo de docentes dos cursos de Pedagogia de Vilhena, Rolim de Moura e Ji-Paraná, com a criação dos Grupos de Pesquisa, a aquisição de financiamento público para o evento, a elaboração de projetos investigativos e os Programas de Pós-Graduação stricto sensu, atualmente é coordenado pelos seguintes coletivos de estudos:
Grupo de Pesquisa em Educação na Amazônia (GPEA) – Ji-Paraná
Grupo de Estudos Pedagógicos (GEP) – Vilhena
Grupo de Pesquisa Multidisciplinar em Educação e Infância (EDUCA) – Porto Velho
Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Educação na Amazônia (GEPPEA) – Rolim de Moura
Grupo Amazônico de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Educação (GAEPPE) – Porto Velho
Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Migração (GEPRAM) – Vilhena
Cronologia
2008 – I SED – Vilhena – Por uma Educação Intercultural
2009 – II SED – Rolim de Moura – Interculturalidade, Políticas Públicas e Educação Escolar
2010 – III SED – Ji-Paraná – Educação escolar no país das diferenças: percursos interculturais na Amazônia
2011 – IV SED – Vilhena – Interculturalidade e Formação Docente
2012 – V SED – Rolim de Moura – A interculturalidade na escola: da indiferença ao diferente - impasses, alternativas e caminhos
2013 – VI SED – Ji-Paraná – Etnicidades e racialidades: mais identidades, cores, vozes, aprendizagens e imagens na educação brasileira?
2014 – VII SED – Vilhena – Formação de Professores para a Justiça Social
2015 – VIII SED – Rolim de Moura – A interculturalidade na escola: da indiferença ao diferente – impasses, alternativas e caminhos
2016 – IX SED – Ji-Paraná – Educação Intercultural e Democracia: Enfrentamentos à Colonialidade na Escola Amazônica
2017 – X SED – Vilhena – Desafios contemporâneos para a educação amazônica
2018 – XI SED – Rolim de Moura – Leituras da Palavramundo: linguagens, identidades e interculturalidade
2019 – XII SED – Ji-Paraná – Resistência Originária: Povos Indígenas e Paulo Freire
O objetivo do XII SED é continuar se constituindo como uma possibilidade formativa que dialoga com a prática docente da educação básica e superior, problematizando o cotidiano escolar com foco nas diferenças.
Por ser um SED Indígena pensado e materializado por indígenas e não indígenas propõe a discussão fundamentada na educação crítica freireana, Resistência Originária: Povos Indígenas e Paulo Freire, tendo em vista que neste ano, 2019, a Licenciatura em Educação Básica Intercultural completa dez anos de luta pela educação diferenciada na UNIR.
Este também é o Ano Internacional das Línguas Indígenas, comemorado pela UNESCO e seus parceiros, a fim de contribuir para a conscientização da necessidade urgente de se preservar, revitalizar e promover as línguas indígenas no mundo. Assim, o SED também se constitui como um espaço de discussão a respeito das medidas adequadas para se tratar destas questões, a fim de evitar que mais línguas se percam e desapareçam com elas histórias, tradições e memórias.
O XII SED constitui o lugar da denúncia das vozes indígenas, considerando os ataques sem tréguas do capital por meio das ações do governo federal aos territórios indígenas, ao desmonte da Fundação Nacional do Índio (Funai), à deterioração da saúde indígena, além de questões internas como a negação da Reitoria da Universidade Federal de Rondônia ao direito de permanecer na UNIR, situação do abandono da Casa do Estudante Indígena.
Pretendemos aprofundar a compreensão sobre as políticas públicas de ação afirmativa na Amazônia de modo a contribuir para que a questão intercultural ganhe impulso e visibilidade desencadeando o desenvolvimento de estudos qualificados no âmbito dos Grupos de Pesquisa proponentes do evento, pesquisas e projetos de extensão, assegurando a divulgação dos conhecimentos produzidos pelos pesquisadores e pesquisadoras na área da Educação Intercultural da Amazônia.